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Quem ama não mata: comunidade de São Nicolau protestou contra a violência que as mulheres sofrem

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O terceiro feminicídio em pouco mais de um ano em São Nicolau chama a atenção da comunidade para o problema. O assassinato brutal de Natiele Ávila, que levou 20 facadas do ex-marido no meio da rua, acendeu uma mobilização no pequeno município. Durante o sepultamento da mãe de dois filhos ontem, um grupo organizado por mulheres marchou nas ruas da cidade.

Em silêncio, vestidas de preto e com cartazes, chamaram atenção das pessoas para um problema que não pode mais fingir que não existe: os homens estão matando as mulheres. Além dos três feminicidios nos últimos 12 meses, a cidade teve neste ano 29 ocorrências de mulheres ameaçadas e sete agredidas – sem contar os inúmeros casos que não chegam à polícia.

O ato de protesto acompanhou o sepultamento de Natiele, que tinha se separado há alguns e havia voltado a estudar, reuniu cerca de 100 pessoas. A maioria eram mulheres, mas alguns homens e crianças também participaram. “Nem todo mundo que estava lá conhecia a Natiele, mas todo mundo que estava lá, estava revoltado”, disse Ana Paula Alvarenga, que na noite do feminicídio, começou a organizar a mobilização pelas redes sociais.  Na tarde seguinte, o grupo de mulheres se reuniu para confeccionar cartazes com frases de impacto. O clima era de luto e revolta.

“Quem ama não mata! Quem ama não agride”. “Basta de feminicídio”, “Homem que apóia violência contra a mulher não deve ter filha, irmã ou mãe”, “Respeito: palavra e atitude que põe fim à violência”.  Ieda Luz, que foi assassinada em casa pelo ex-companheiro no mês de abril também foi lembrada.  “Ieda e Natiele não morreram em vão, serão lembradas como símbolo de luta contra a violência em todas suas esferas”, destacou Ana.

“Não precisava ter feito essa covardia com a minha mãe”, diz filha de mulher assassinada pelo ex-marido

O fotógrafo Thiago Silva realizou trabalho voluntário de divulgação das fotos nas redes e chamou e demonstrou a indignação com a violência que as mulheres sofrem em São Nicolau. A sociedade São Nicolauense encontra-se extremamente indignada e amedrontada com tamanha taxa de feminicidios acontecidos em pouco tempo. “Foram para rua em busca de respeito, igualdade, atenção, consciência e liberdade para que possam sair na rua sabendo que voltarão vivas para casa”, salientou.

A Secretaria Municipal de Saúde de São Nicolau também entrou na campanha contra os feminicídios, com mensagem de encorajamento às mulheres que são vítimas. O telefone para denúncia é o 180. A delegacia do município fica na rua Dezesseis de Novembro. O telefone é o (55) 3362-1020.

A comunidade de São Nicolau, especialmente as mulheres, tem esperança. “Não queremos ter que usar mais esses cartazes nem estar de luto”, disse a professora Lizete Tamiozzo. O clima é de luto, mas também de esperança, já que agora a violência contra as mulheres é encarada como uma realidade.

São Nicolau: em um ano, uma família destruída e uma mulher assassinada

Em dezembro de 2017 uma família foi destruída pela violência de um homem que não aceitava que o casamento de 20 anos havia chegado ao fim. O feminicida foi até a casa da ex-mulher, em um domingo, e a matou com um tiro. O filho, ao tentar socorrer a mãe, quase foi morto pelo pai, que atirou. O jovem, de 15 anos, desarmou o homem e atirou contra ele, que morreu no local. O crime chocou a comunidade. Os nomes não foram liberados para não identificar o menino, que ficou órfão. O casamento de 20 anos havia acabado porque a mulher sofria sucessivas agressões do marido, e ele não aceitava que a vítima não quisesse mais ser casada com ele.

No outro caso, que ocorreu em abril, o homem também não aceitava que a relação havia acabado. Após várias ameaças, invadiu a casa de Ieda Luz, de 45 anos, e a matou com facadas. Ele fugiu e está foragido até hoje. Conforme a defesa do acusado, o feminicida preferiu não se apresentar à polícia.

 

Autora: Amanda Lima

Fonte: Rádio Missioneira

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