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Violência contra a mulher na região continua: a história de Irene, morta com 80% do corpo queimado

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O domingo passado, 29 de julho, apesar de ensolarado, não foi
colorido para uma humilde família de São Nicolau. Com poucas pessoas, foi
velada na capela do município, de forma simples, Irene Elci Maluchevski, mais
uma mulher morta na região das Missões. Foi o segundo caso em pouco mais de
seis meses em Salvador das Missões. A dona de casa, mãe de um filho de 12 anos,
endossa os assustadores números de feminicídios no Rio Grande do Sul, que chegaram a 280 em 2017.  A criança ficou sob cuidado dos avós maternos.

Irene morreu no sábado, após três meses de luta pela vida,
com o corpo 80% queimad
o. No velório, estava irreconhecível com as marcas
deixadas pelo fogo. O ex-marido da vítima foi indiciado pela Polícia Civil por
tentativa de homicídio qualificado, com dolo eventual, emprego de fogo e feminicídio
.
O que era um crime tentado, agora passa a ser consumado, com a morte de Irene
no hospital. O indiciado foi preso preventivamente, mas conseguiu um habeas
corpus e está em liberdade. Ele não foi ao velório da mulher.

A vítima, de 38 anos, é descrita por amigas como uma pessoa
alegre e apaixonada pela família. “Uma querida e guerreira. É muito triste tudo
isso”, define a amiga Patrícia Diel. No perfil do Facebook existem várias fotos
com o então marido e o filho e frases que enalteciam a família.

“Os pais dela estavam bem conscientes do feminicídio e
arrasados”, relatou a professora Sandra Vidal Nogueira, que lidera uma campanha
na região contra a violência de gênero. Ela foi ao velório prestar condolências
à família. A educadora vê como preocupante os casos de violência na região, com
pelo menos cinco mortes de mulheres nos últimos meses nas Missões.

Defesa alega acidente

A advogada do indiciado, Josiane Balbé, disse à reportagem da
Missioneira   que o cliente não é culpado. “Ele não foi
responsável por essa morte. Ela estava botando fogo nos pertences dele e
acabou, acidentalmente, vindo a pegar fogo nela”, argumenta. “Ele tentou apagar
o fogo e providenciou socorro médico imediatamente”, complementou. Josiane vê a
morte da vítima como uma fatalidade. “Foi acidental. Foi uma lesão corporal que
ela provocou e deu causa por incendiar os pertences dele”, explica.

Emprego de fogo

O fogo tem sido um instrumento utilizado na violência contra
as mulheres na região. Em Cerro Largo, um homem, inconformado com a fim da
relação amorosa, colocou fogo na casa da família, na tentativa de matar a
mulher e os filhos
. A residência estava vazia na hora do incêndio e ninguém se
feriu. Poucos dias depois, a pensão onde a ex-esposa e as criança estavam após
ficarem sem casa para morar, foi incendiada pelo criminoso.  O delegado Marcos Viafore indiciou o criminoso
por quatro crimes: de incêndio duas vezes, homicídio qualificado tentado, com
emprego de fogo, crime de feminicídio tentado e ameaça.

Em Bossoroca, um homem, que também não aceitava o fim da
relação, ateou fogo em um galpão onde a ex-mulher trabalhava com material reciclável.
O imóvel ficou totalmente destruído. Ele foi preso preventivamente em dezembro.
Ao ser solto, em julho, logo voltou a ameaçar de morte a ex-companheira e os
filhos.
O acusado foi preso pela Brigada Militar e teve a prisão convertida em
preventiva, para garantir a integridade das vítimas ameaçadas.

Feminicídios

Aconteceram pelo menos cinco casos na região em que a violência
não foi contida a tempo para preservar a vida das mulheres. Em janeiro, na
cidade de Salvador das Missões, a contadora Roseli Maria Leichteweis, foi morta
a tiros em casa
. O indiciado pelo feminicídio é o ex-marido da vítima, que não
aceitava o pedido de divórcio. Ele está preso preventivamente. Ela já havia
procurado a polícia para informar sobre as ameaças. Roseli deixou um filho de
sete anos.

Em Dezesseis de Novembro, um vereador matou a ex-esposa e
logo depois cometeu suicídio.
Irene Diel, de 41 anos, estava separada do
ex-marido e foi surpreendida por ele na loja em que era proprietária. Ela levou
quatro tiros e morreu na hora.

Na cidade de São Nicolau, em maio, Ieda Gomes Luz, de 41
anos, foi morta a facadas em casa
. No dia em que foi assassinada, ela procurou
a polícia e relatou as ameaças do ex-marido, que assim nos demais casos,
insistia em reatar a relação. O acusado está foragido, com um mandado de prisão
preventiva em aberto.

No mês de maio, outro caso de feminicídio seguido de suicídio
ocorreu na região. O crime ocorreu no interior de Bossoroca. Angelita Antunes
Barbosa foi assassinada pelo marido com vários golpes de faca
. O criminoso se
suicidou horas depois. Angelita era jovem, filha única, tinha apenas 25 anos e
era mãe de dois filhos pequenos, ficaram órfãos. O crime aconteceu na véspera
do dia das mães.

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