Após a tragédia que marcou de forma dolorosa a morte de sete pessoas, em Roque Gonzales, uma das vítimas, Márcia Perassolo Dias, de 26 anos, teve o seu túmulo violado na madrugada de segunda para terça-feira, no cemitério desta cidade. A violação foi descoberta por um dos zeladores, ao fazer sua ronda habitual pelo cemitério no final da manhã de hoje (21). A tampa do túmulo foi totalmente destruída, deixando à vista a câmara mortuária.
Imediatamente a família foi avisada pelo telefone, que naquele momento estava no local do acidente, na BR-392, procurando documentos e outros papéis da falecida, que não foram encontrados e que poderiam estar jogados no local. Foram diretamente ao cemitério para tomar as providências que cabiam, certificando-se antes de mais nada da extensão do ato de violação do túmulo, que em princípio limitou-se à destruição da tampa do jazigo, porque o barulho acordou uma família que reside na vila atrás do cemitério. E quando acenderam a luz, que poderia identificá-los, fugiram em disparada. A família não foi verificar o que aquelas pessoas faziam de madrugada no cemitério, pensando que se tratava apenas de furtos de pequena monta, como peças de metal ou simplesmente uma reunião de vagabundos. Não passou pela cabeça da família a violação de um túmulo que tinha recebido uma câmara mortuária poucas horas antes. O túmulo violado fica a poucos metros do muro que separa o cemitério da vila existente nos fundos daquele quarteirão.
A família providenciou na contratação de pedreiro para refazer a tampa do túmulo e ficou acompanhando esse trabalho até o seu final. Enquanto isso, familiares receberam uma patrulha da Brigada Militar, na entrada do cemitério, quando foi lavrado o Boletim da Ocorrência.
AUTÓPSIA – Um familiar de Márcia Perassolo Dias informou ao jornal, quando de nossa estada no cemitério para verificar a violação da túmulo, nesta terça-feira, às 13h, que em função dos médicos legistas de São Luiz Gonzaga, Santa Rosa e Santo Ângelo estarem em férias, todas as autópsias, necessárias em casos de mortes violentas ocorridas no fim de semana na região, fossem encaminhadas ao Instituto Médico Legal de São Borja, o único em funcionamento na região. O depoimento do familiar que levou o corpo de Márcia a São Borja foi de revolta. Disse que o corpo da moça ficou várias horas em uma mesa, sem o trabalho ser finalizado. Para isso, precisou chamar a polícia, que então exigiu a conclusão da autópsia, condição para o corpo ser liberado. Em função disso, o corpo retornou a São Luiz quase na hora do sepultamento. O mesmo ocorreu com os demais mortos no acidente ocorrido na BR-392, no município de Roque Gonzales. O nosso informante disse que os municípios não poderiam conceder férias a todos os médicos legistas ao mesmo tempo, o que ocasionou o problema que enfrentaram.