O Rio Uruguai surpreendeu a comunidade garruchense e demais município que margeiam o rio. Devido aos fortes índices de chuvas no Estado e também em Santa Catarina as comportas das Usinas de Chapecó e Itapiranga abriram todas as comportas, deixando as cidades ribeirinhas em alerta.
Na sexta-feira, dia 27 de junho , quando o nível de água começou a subir as primeiras famílias da cidade e também de comunidades do interior que margeia o rio começaram a remover suas coisas das casas, pois a água já alcançava em 15 metros acima do nível normal. O primeiro lugar atingido pela água foi o Porto Municipal de Garruchos, onde arquibancadas, palco e escadas ficaram submersos.
No sábado, dia 28 de junho, várias famílias já haviam saído de casa, a Prefeitura Municipal auxiliava na mudança como também várias pessoas solidarias da comunidade. O Rio Uruguai continuava subindo o nível de água, a comunidade do Faxinal, interior de Garruchos ficou ilhado, campos e pastagens ficaram debaixo d’água. No Pedregulho, onde há concentração de vários acampamentos e casas de pescadores, a água deixou tudo submerso, os pescadores e as famílias tiraram suas coisas para o campo onde a água não alcançou ou para o mato.
No domingo, dia 29 de junho, o Rio já alcançava 21 metros e alagava ruas, casas, deixava campos, pastagens submersos e animais ilhados. As correntenzas do Rio em alguns pontos eram muito fortes e muitas coisas baixava sobre elas como casas, geladeira, fogão e até carro. As famílias desalojadas mudaram-se para casa de parentes, ginásio, clube, salões e casas vagas cedidas pelos proprietários.
Primeiras Ações da Administração Municipal
Maquinário e funcionários públicos começaram a auxiliar as pessoas nas mudanças e na retiragem de animais desde a sexta-feira dia 27. O CRAS- Centro de Referência e Assistência Social de Garruchos- fez plantão o final de semana para atender as famílias e iniciar os cadastros. Na segunda-feira, dia 30 de junho, começou a funcionar, no Salão Paroquial da Igreja Católica, a cozinha comunitária onde os atingidos pela enchente recebem café, almoço e janta gratuitamente.
De acordo com o Prefeito Carlos Cardinal, Garruchos habitualmente faz entrega de cestas básicas para a comunidade carente e por esse motivo a Assistência Social tinha um estoque de 50 cestas básicas e foram remanejadas para as famílias atingidas pela enchente. Na segunda-feira também, o município decretou situação de emergência para atender de forma mais imediata às famílias atingidas.
Grupos da Assistência Social de Garruchos começaram a visitar as comunidades atingidas pela cheia do Rio. Água potável foi distribuída em várias localidades do interior poi, devida à rede elétrica estar encostando-se à água, necessitou ser desligada cortando assim, o abastecimento de água dos poços artesianos.
Rio Uruguai na segunda-feira, dia 30 de junho, chegou a 23 metros e 15 centímetros, se igualando a enchente de 1983 que foi a maior até então registrada no município. Na madrugada de terça-feira, dia 01 de julho, o Rio Uruguai começou a baixar o nível da água devagar, sendo essa baixa de 20 centímetros registrada pela manhã.
Doações
Várias doações foram recebidas pela Administração Municipal de Garruchos. A comunidade de Santo Antônio das Missões, através da Maria Elzira Martins que começou a campanha, Rádio 89 FM e Jornal Gazeta Missões que divulgaram/coletaram e também a Prefeitura Municipal de Santo Antonio das Missões que colocou vários pontos de coleta em seus órgãos, foram arrecadados mais de dois caminhões de donativos que já estão sendo distribuídos para as pessoas atingidas pela enchente. Além de Santo Antonio das Missões, várias pessoas de São Luiz Gonzaga se reuniram para arrecadar donativos e empresários de vários municípios fizeram doações de alimentos.
A Defesa Civil esteve no município nos dias 02 e 03 de junho e várias doações através desse órgão e do Governo do Estado foram recebidos, como roupas, produtos de limpeza, cestas básicas, colchões, cobertores, água e etc. A Defesa Civil orientou também, no preenchimento dos questionários necessários por eles.
Ações do Governo do Estado
O Prefeito Carlos Cardinal, participou de uma reunião com o Governador Tarso Genro, Secretários de Estado e mais 84 prefeitos de cidades atingidas pelas enchentes.
As regiões Noroeste e Norte do RS são as que mais estão sofrendo com as cheias, que atingiram 88 municípios gaúchos e destes, 34 estão em situação de emergência. Pontes destruídas, estradas bloqueadas e plantações perdidas, estão entre os principais transtornos por causa das enchentes. Entre as solicitações para o governador Tarso Genro destacam-se: 1) Liberação de R$ 100 mil por município para recuperação de estradas; 2) pagamento das pendências da Consulta Popular com prioridade aos municípios em situação emergenciais; 3) destinar R$ 100 mil por município através do Programa Estadual de Correção de Solo, para compensação das áreas afetadas com as fortes chuvas; 4) anistia dos contratos junto ao programa Troca-Troca de Sementes que foram efetuados para o plantio desta safra, e 5) Decreto estadual de situação de emergência, em decorrência do elevado número de municípios atingidos.
O Prefeito Carlos Cardinal, aproveitou a oportunidade para fazer uma proposta ao Governo do Estado, sendo essa a antecipação do pagamento do Seguro Defesa para os Pescadores que é feito sempre nos meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro. A proposta foi aceita com unanimidade.
De acordo com o prefeito "Garruchos é diferente dos outros municípios, pois tem um grande percentual de pescadores de registrados, sendo esses, mais de 240, divididos em duas entidades, a Associação dos Pescadores e a Colônia. Todos esses pescadores, ao longo dos anos, já que não haviam uma grande enchente a 30 anos, foram construindo na costa do Rio Uruguai casas ou acampamentos, além de hortas, arvoredos e animais como galinha e porco para sua subsistência e tudo isso foi água a baixo. Na reunião com o Governo do Estado fiz a sugestão para que o pagamento deste seguro fosse antecipado e teve aprovação de forma unanime."
Ações do Governo Federal
Em Brasília, na quinta-feira (3/7) as audiências com as autoridades federais começam às 9horas, quando a Famurs, AMM e representantes de outras Associações estarão no Ministério da Integração Nacional pedindo a liberação emergencial de R$ 200 milhões através de Medida Provisória (MP). No decorrer do dia irão ao Ministério da Agricultura (Mapa), solicitar o repasse de R$ 300 mil por município para recuperação de solo, estradas, pontes e pontilhões. Já no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) os prefeitos pedirão apoio para compra de combustível (óleo diesel) de máquinas. No Ministério das Cidades, o pleito será para a construção de 30 casas por municípios, que estavam previstas no PAC 2. Ainda será solicitada a liberação imediata de recursos empenhados de emendas parlamentares de todos os ministérios.
Baixa do Rio Uruguai
Na sexta-feira o Rio Uruguai chegava a 14 metros acima do nível normal. Com a baixa do nível das águas do Rio Uruguai, as famílias começaram a limpeza de suas casas e pátios, porém, é grande acumulo de entulho, como árvores, madeira e objetos como garrafas Pet. Nas casas onde ficaram alguns móveis dentro a água destruiu, ficando inutilizável.
Mutirões de limpeza tem se formado para ajudar essas famílias, mas muitas dessas pessoas quando a água começou a baixar não encontrou mais sua casa, principalmente as que eram de madeira, com a força da correnteza foi arrancada e levada rio abaixo ou totalmente destruída. Algumas casas também que permaneceram no local estão praticamente inutilizadas. O cheiro forte de barro e de peixe é muito forte nas casas e ruas atingidas.
O momento é de limpeza e reconstrução, alguns lugares ainda não se pode contabilizar as perdas, pois a água não voltou ao seu nível normal. A Prefeitura Municipal e a Emater do Município estimam que mais de 4 mil hectares de campo e pastagens tenham sido atingidos pela enchente, prejudicando assim mais de 5 mil animais bovinos de corte, que perderam o peso pois muitos desses campos ficaram inutilizáveis.
Além das perdas no meio rural muitas famílias perderam hortas, pomares e animais como galinha e porco que criavam para sua subsistência. Os levantamentos ainda estão sendo feitos pela Emater e Assistência Social, mas estima-se que mais de 170 casas foram atingidas pela enchente.