Cercada por
dezenas de ex-ministros, parlamentares e servidores do Palácio do Planalto, a
presidenta afastada Dilma Rousseff fez pronunciamento à
imprensa em que classificou o processo contra ela de “impeachment
fraudulento”.
Dilma
Rousseff admitiu que pode ter cometido erros, mas enfatizou que não cometeu
crimes e que está sofrendo injustiça, a “maior das brutalidades que pode
ser cometida”.
“Não
cometi crime de responsabilidade. Não tenho contas no exterior, jamais
compactuei com a corrupção. Esse processo é frágil, juridicamente
inconsistente, injusto, desencadeado contra pessoa honesta e inocente. A maior
das brutalidades que pode ser cometida por qualquer ser humano: puni-lo por um
crime que não cometeu”, disse.
Em falas
interrompidas por aplausos e gritos de apoio, a presidenta lembrou que foi
eleita por 54 milhões de brasileiros e disse que o que está em jogo não é
somente o seu mandato.
“O que
está em jogo não é apenas o meu mandato. É o respeito às urnas. À vontade
soberana ao povo brasileiro e à Constituição. São as conquistas dos últimos 13
anos. O que está em jogo é a proteção às crianças, jovens chegando às
universidades e escolas técnicas. O que está em jogo é o futuro do país,
esperança de avançar cada vez mais. Quero mais uma vez esclarecer fatos e
denunciar riscos para país de um impeachment fraudulento. Um verdadeiro
golpe”, declarou.
Com relação
ao resultado no Senado, ela chamou o impeachment de fraudulento. “Diante da
decisão do Senado quero mais uma vez esclarecer os fatos e denunciar os riscos
para o país de um impeachment fraudulento, um verdadeiro golpe, desde que fui
eleita parte da oposição inconformada pediu recontagem de votos, tentou anular
as eleições depois e passou a conspirar abertamente pelo impeachment,
mergulharam o país num ato de instabilidade e impediram a recuperação da
economia com tomar na força o que não conquistaram nas urnas”.
E voltou a
dizer que não cometeu crime, e que, por isso, se sente injustiçada.
“Jamais compactuei com a corrupção, esse é um processo inconsistente,
injusto, desencadeado contra uma pessoa inocente, é a maior brutalidade que
pode ser cometida contra qualquer ser humano, puni-lo por um crime que não
cometeu. Não existe injustiça mais devastadora que condenar um inocente, é uma
injustiça, um mal irreparável, essa farsa jurídica de que estou sendo alvo.
Como presidente, nunca aceitei chantagem alguma, posso ter cometidos erros, mas
não cometi crime.”
Dilma foi
notificada no Palácio do Planalto pelo primeiro-secretário da Mesa Diretora do
Senado, senador Vicentinho Alves (PR-TO), de seu afastamento do cargo após a
proclamação do resultado da votação da admissibilidade do seu processo de
impeachment na manhã desta quinta-feira (12).
O Senado
aprovou, por 55 votos a favor e 22 contra, a admissibilidade do processo de
impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Com isso, o processo será aberto no
Senado e Dilma é afastada do cargo por até 180 dias. Os senadores votaram no
painel eletrônico. Não houve abstenções. Estavam presentes 78 parlamentares,
mas 77 votaram, já que o presidente da Casa, Renan Calheiros, se absteve.