O responsável pelo setor do leite na Coopatrigo, Roberto Mallmann esteve participando de uma viagem de estudos técnicos na área de produção leiteira, organizado pela CCGL à Argentina, entre os dias 14 e 19 de outubro. A viagem teve como tema central a visita a produtores de leite, que são modelos de produção no país vizinho, visita ao Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) e a empresa de produção de sementes Biscayart.
A primeira parada foi em Rafaela Província de Santa Fé no INTA – Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (semelhante a nossa Embrapa) onde foi apresentado a estrutura do centro de Pesquisa que conta com 15 centros regionais espalhados nas províncias, 47 estações experimentais, 4 centros de pesquisas e 300 unidades de extensão. O trabalho é semelhante ao desenvolvido no Brasil, na área de sementes, leite, e pesquisas agropecuárias, porém uma grande diferença é que toda a informação pesquisada e gerada pelo INTA vai parar nas mãos dos produtores e de empresas que investem em parceria na pesquisa, utilizando esta ferramenta. O instituto também serve de extensão, onde são treinados produtores, alunos e acadêmicos, com centenas de pessoas que recebem informação e treinamento na função que vão exercer.
Em Pergamino, foi visitada a empresa de melhoramento genético e comercialização de sementes Biscayart, que comercializa em torno de quatro mil toneladas por ano de variedades de alfafa, azevem, aveia e sorgo, que são os materiais forrageiros mais usados na região central da Argentina, com exportação desses materiais à outros países.
A argentina produz em torno de 11 bilhões de litros/ano, com aproximadamente 12.000 produtores, ou seja, 2.600litros/tambo/dia com produção média por hectare de 6.800 litros de leite/há, deste total 22 a 25% é exportado. O preço médio recebido pelo produtor na Argentina é torno de U$0,35, o que equivale a R$ 0,79. O maior número de produtores se concentra na província de Santa Fé, onde também tem as melhores áreas de terra. 60% dos produtores de leite na Argentina dependem de arrendamento para produção de leite, e com a atual valorização dos grãos eles necessitam serem ainda mais eficientes para não perder as áreas para a soja e outros cereais.
O sistema de produção de leite é semi-intensivo, ou seja, alfafa, aveia e azevem no pastoreio, com silagem, feno e concentrado. A alfafa é a grande vedete nas propriedades por ter um ótimo rendimento e de fácil produção, como o plantio tendo uma duração média de 03 anos.
Roberto Mallmann registrou que as principais dificuldades encontradas pelo setor leiteiro no país vizinho são semelhantes ao produtor brasileiro: falta de mão de obra; sucessão familiar; alto custo do arrendamento (1.000 kg de soja a há); valor da terra na região produtora em torno U$ 15.000 a 25.000 a há; menos de 80 vacas é inviável produzir. Também citou que com as constantes crises, a baixa valorização da moeda local, aliado a alta inflação, o alto valor do arrendo da terra, está fazendo com que muitos produtores estejam parando com a produção de leite, porem os animais estão sendo adquiridos por outras propriedades, acontecendo uma concentração de produtores. Em síntese os produtores de leite usam sistema simples, não associam nada, possuem uma baixa imobilização (maquinários antigos). O representante da Coopatrigo finalizou dizendo que o grande desafio argentino é produzir com larga escala com baixo custo e ter assim a rentabilidade necessária para o seu negócio.