Com uma das maiores produções de peixe de água doce do País, o noroeste gaúcho vislumbra a pesca como um negócio estratégico e, mais do que isso, como um modo de vida. Em uma oportunidade única, pescadores de Alecrim, Porto Mauá, Porto Vera Cruz, Porto Lucena e Garruchos celebraram os avanços e debateram os desafios do setor pesqueiro no Encontro Regional de Pescadores, em Porto Biguá, município de Alecrim. Na oportunidade também puderam apresentar proposições e esclarecer dúvidas com representantes da Marinha Brasileira, Polícia Ambiental da Argentina, Ministério da Pesca e Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR).
A legislação ambiental e preservação do peixe foram abordados pelo representante da Marinha Brasileira, Suboficial Ruas, encarregado pela Segurança do Tráfego Aquaviário da Delegacia Fluvial de Uruguaiana. As principais regulamentações quanto à profissão e às embarcações, bem como a segurança do pescador foram explanadas detalhadamente, com espaço para que os participantes pudessem sanar suas dúvidas.
Como o Rio Uruguai, ponto comum entre todos os pescadores presentes, é de uso comum entre brasileiros e argentinos foram ouvidos também representantes da Polícia Ambiental Argentina, responsável pela Flora e Fauna. Na fala foi destacada a importância de respeitar a legislação estrangeira quando estiverem do lado argentino do rio. Entre as preocupações apresentadas pela Polícia Argentina e pelos pescadores presentes estão as dificuldades decorrentes das leis muito diferentes e a necessidade de aproximar essas regras. Um dos exemplos citados foi a diferença na época da Piracema, sendo que no lado brasileiro esta passa a vigorar em início de outubro, e na Argentina a partir de 03 de novembro. Além disso, o Estado de Missiones apenas permite a pesca argentina, enquanto no Rio Grande do Sul é liberada a pesca profissional.
Políticas públicas e alguns aspectos da legislação também foram abordados pelo chefe do Escritório Regional da Superintendência da Pesca, de Santa Maria, Antônio Vargas.
Representantes da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo Valdomiro Bosa, Paulo Radins e José Vicente Garbini explanaram sobre políticas públicas e legislação do setor pesqueiro no Estado.
Além disso, foi oportunizado espaço para relato de experiências, por meio do qual as diferentes associações de pescadores apresentaram sua realidade, conquistas e dificuldades.
Ao final, diante dos avanços, dificuldades e demandas foi elaborada a Carta da População de Pescadores das Margens do Rio Uruguai. "Nela está simbolizada também a necessidade da pesca responsável e não predatória, para que as futuras gerações possam ter o privilégio de apreciar o que o rio tem a oferecer", destacou o extensionista Eliseu Paulo Baumgartner.
No município de Alecrim, anfitrião do evento, a pesca é uma importante atividade econômica para aproximadamente 52 famílias, assistidas pela Emater/RS-Ascar. Além disso, os pescadores alecrinenses têm uma importante caminhada de associativismo, profissionalização e acesso a políticas públicas. Para o prefeito de Alecrim, Leonel Colossi, uma das principais virtudes dos pescadores alecrinenses é sua organização em associação e sua mobilização em sua longa caminhada, sendo que dentro das possibilidades podem contar com a Administração Municipal
O Encontro Regional de Pescadores foi promovido pela Emater/RS-Ascar, com apoio da SDR e Prefeitura de Alecrim.