Rádio Online

Clique e confira

(55) 3352-4141

Fale conosco!

Rua Júlio de Castilhos 2236, Centro, São Luiz Gonzaga, RS

A voz de uma são-luizense na Irlanda que luta pelo fim da cultura do estupro

Compartilhe!

O caso de um estupro coletivo no Rio de Janeiro trouxe à tona
um debate importante no Brasil. A notícia foi parar nas manchetes de toda a
imprensa mundial e motivou protestos em várias cidades brasileiras e fora do
país.  Milhares de mulheres foram às ruas
para combater a violência e defender as vítimas, que em geral são culpadas e
julgadas pela sociedade.

Uma dessas milhares de vozes é de uma são-luizense que está
longe da sua terra natal. Ruthiane Teixeira, de 27 anos, participou no início
do mês de um protesto em Dublin, capital da Irlanda. Juntamente com mulheres de
várias nacionalidades, elas protestaram contra o machismo que ofende, agride e
mata as mulheres no mundo todo.

527 mil mulheres
estupradas por ano

No Brasil, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos, segundo
dados do Fórum de Segurança Pública. Outro dado assustador é do Ministério da
Saúde: no mínimo 527 mil mulheres são estupradas no Brasil por ano. Com as
redes sociais, os dados são amplamente divulgados e discutidos em grupos e
coletivos feministas, que a cada dia ganham adeptas ao movimento.

A jovem, que é formada em Administração, assim como a maioria
das pessoas, conheceu o movimento feminista brevemente ainda na escola. O
interesse maior surgiu há cerca de um ano. “
Na
verdade, já fazemos parte do feminismo desde que nascemos mulheres, visto que a
palavra representa o querer e o esforço por igualdade, por reconhecimento do
nosso papel, respeito, direitos que já são há muito tempo comuns aos homens”,
explica.

Ela
critica a cultura masculina de querer determinar e julgar o modo de agir das
mulheres. “Queremos o fim da opressão patriarcal que insiste em nos dizer como
devemos ser, agir, vestir, falar e até pensar para que a sociedade nos aceite
com dignidade”, afirma. “O feminismo quer a libertação dessas amarras e
acredito que toda e qualquer mulher deseja o mesmo”, complementa.

No interior, movimento é mal visto

Ao
mesmo tempo que o movimento feminista ganha novas adeptas, ainda existem muitas
pessoas, inclusive mulheres, que criticam as pautas e ações feministas. Para a
são-luizense, o preconceito não passa de falta de informação. “
Buscar
conhecimento sobre a questão que julgamos nos esclarece, abre a cabeça, nos
liberta de qualquer pensamento ou atitude desnecessária frente a algo que
apenas é diferente, fora do comum, novo”
, salienta.

Em
relação às mulheres machistas, ela acredita que existem dois principais
fatores. “Talvez por interpretarem de forma errônea o objetivo do movimento ou
ainda por simplesmente não terem ideia do tamanho impacto da cultura machista
sobre uma sociedade”, comenta.

Em
cidades menores e afastadas dos grandes centros, como é o caso da região
Missioneira, o conservadorismo influencia diretamente. “É mais difícil
descontruir conceitos ultrapassados e reformular ideias, mas é preciso. As
regras, as leis, os costumes são feitos para serem frequentemente questionados,
adaptados e melhorados conforme a necessidade de quem as segue”
, defende.

Luta humana

Para
combater a falta de informação, Ruthiane vê no debate a melhor solução. “Com
troca de ideias, discussões e debates é que circulamos conhecimento e tornamos
possível uma verdadeira mudança de cultura”, afirma.

Ela
acredita que em todos os lugares assuntos como igualdade de gênero, racismo,
homofobia e machismo devem ser discutidos. “Precisamos falar sobre igualdade de
gêneros em casa, nas ruas, nos bares e principalmente nas escolas para que a
nova geração entenda desde cedo que a palavra feminismo não é uma luta de
mulheres, é uma luta humana por uma questão social que afeta o mundo inteiro”,
ressalta.

O
resultado de discussões e debates, na visão da são-luizense, é a formação de jovens
mais críticos, conscientes e engajados ao seu papel perante a sociedade. Na
cidade, as discussões já parecem ter rendidos frutos:
um projeto foi lançado nesta
semana para discutir questões de gêneros na URI São Luiz Gonzaga
, por
iniciativa dos alunos. Em breve, uma reportagem da Rádio Missioneira vai trazer
detalhes da iniciativa.