_Com tributos e parcelas remanescentes das compras de Natal, o volume de despesas nos primeiros meses do ano é grande e exige organização_
Passada a euforia das festas de fim de ano, das compras natalinas com parcelas a perder de vista e das viagens com família e amigos, o consumidor se depara – todos os anos – com uma série de obrigações tributárias, como IPTU, IPVA e matrículas escolares, que se não são bem administradas podem causar sérios prejuízos ao bolso. E para não começar o ano no vermelho, o ideal é se planejar para não contrair novas dívidas.
Na avaliação dos especialistas do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), não existe uma fórmula mágica para evitar o aperto no
bolso. A decisão de sair do vermelho ou então de se manter financeiramente no azul, requer disciplina tanto no planejamento das contas domésticas como na contenção de gastos considerados supérfluos.
"O volume de despesas em janeiro é grande e por isso, a palavra-chave é organização. O planejamento é essencial para que o consumidor saiba para onde está indo o dinheiro. A primeira coisa a se fazer é estar todas as despesas fixas ou ocasionais e avaliar quais são prioritárias, seja pela proximidade de vencimento do boleto ou pelo juro mais alto. Sem esquecer é claro, das contas essenciais para o funcionamento da casa, como luz, água, telefone e supermercado", orienta a economista do SPC Brasil, Luiza Rodrigues.
A vista ou parcelado?
Segundo os especialistas do SPC Brasil, para o consumidor decidir se vai pagar o IPTU e IPVA a vista ou parcelado, é preciso calcular se o desconto obtido no pagamento das contas a vista é maior do que o valor que esse dinheiro renderia caso estivesse em alguma aplicação financeira.
"O consumidor que guardou parte do décimo terceiro salário ou fez uma reserva mensal de seus rendimentos e possui dinheiro em conta corrente
ou poupança, não precisa ter dúvidas: deve pagar os compromissos a vista e aproveitar os descontos oferecidos", afirma Luiza Rodrigues.
Para quem tem aplicações como CDB ou outros fundos, a economista do SPC Brasil explica que é necessário fazer contas para descobrir se o resgate vale a pena, porque os impostos cobrados e as penalidades por resgate antecipado podem anular o benefício do desconto. "Já quem não tem dinheiro guardado deve inevitavelmente pagar a prazo e iniciar um planejamento desde já para não cometer o mesmo erro no ano que vem", orienta a economista.
A sugestão dos especialistas do SPC Brasil é que para os próximos anos, o consumidor vá separando todo mês um determinado valor para
quitar os compromissos sazonais. "O ideal é que uma pequena economia mensal vá direto para uma conta poupança separada, assim o consumidor não cai na tentação de gastar o dinheiro com outras finalidades", garante a economista.
Renegociação e substituição de dívidas
Para os consumidores que já estão inadimplentes, além de cortar gastos desnecessários e evitar compras impulsivas, o SPC Brasil
recomenda que se faça uma renegociação da dívida com o credor, barganhando condições e formas de pagamento que melhor se encaixam no orçamento.
Os especialistas do SPC Brasil alertam ainda que antes de se buscar algum tipo de financiamento para quitar débitos, é preciso fazer uma
avaliação criteriosa dos juros cobrados na operação. "Se o consumidor estiver inadimplente no cartão de crédito ou no cheque especial, a substituição da divida é uma opção que compensa. Para isso, ele pode contrair um empréstimo pessoal com juros mais baixos para quitar a dívida e assim, evitar que ela se transforme numa bola de neve", explica a economista.
Para ilustrar melhor a evolução da dívida de um cartão de crédito, o departamento econômico do SPC Brasil simulou uma dívida de R$ 2 mil
com juros rotativos de 7,5% ao mês. Para quitar essa dívida, o consumidor terá de cortar completamente novos gastos no cartão e ainda desembolsar mensalmente a quantia de R$ 258,56, ao longo de 12 meses. Ao final de um ano, a dívida desse consumidor terá se transformado em R$ 3.102,67, o que equivale a 55% a mais do que o valor inicial do débito (R$ 2.000,00).
Por outro lado, caso o consumidor troque essa dívida no cartão decrédito por outra de valor idêntico na modalidade de um empréstimo
pessoal consignado, o resultado será mais favorável, pois os juros do consignado são bem mais baixos (1,84% ao mês em vez de 7,5% ao mês). "Ao final de 12 meses, o consumidor terá gasto R$ 2.247,27 em vez de R$ 3.102,67, o que representa uma economia de 27%.", resume Luiza Rodrigues.
SIMULAÇÃO DE TROCA DE DÍVIDA
"Vale destacar que essa estratégia é válida desde que após o pagamento do débito no cartão, o consumidor não volte a fazer novas dívidas que possam pressionar seu orçamento. Toda modalidade de crédito pode ser algo positivo, dependendo da forma como é utilizado", explica Luiza Rodrigues.
SPC Brasil ensina os cinco passos para renegociar uma dívida:
1. Faça um diagnóstico da dívida, identificando os credores e
avaliando a modalidade (cartão de crédito, cheque especial, boleto,
crediário etc), o valor total do débito e a quantidade de parcelas
atrasadas;
2. De posse da lista de dívidas e do valor total, considere a opção
de trocar todas as suas dívidas por uma só, com taxas de juros
menores. Para isso, pesquise quais são as instituições financeiras
com taxas mais baixas. O Banco Central apresenta uma lista das taxas de
juros de crédito pessoal
http://www.bcb.gov.br/pt-br/sfn/infopban/txcred/txjuros/Paginas/RelTxJuros.aspx?tipoPessoa=1&modalidade=221&encargo=101
[1] e crédito consignado para trabalhadores do setor privado
http://www.bcb.gov.br/pt-br/sfn/infopban/txcred/txjuros/Paginas/RelTxJuros.aspx?tipoPessoa=1&modalidade=219&encargo=101
[2]. Escolha as instituições que oferecem taxas de juros menores e se
informe se essas taxas estão disponíveis para você. Anote essa taxa;
3. Levando em conta a taxa de juros disponível para seu caso, utilize
a calculadora do banco central
https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibirFormFinanciamentoPrestacoesFixas.do?method=exibirFormFinanciamentoPrestacoesFixas
[3] para descobrir qual será o valor da parcela mensal necessária para
quitar sua dívida. Esse cálculo dará a você uma excelente ideia da
sua capacidade de resolver as dívidas.
4. Procure o credor e demonstre interesse em regularização sua
situação. Apresente contrapropostas e negocie facilidades de
pagamento. Se sua dívida for com um banco, sugira a troca da dívida
por um empréstimo pessoal (consignado ou não) e negocie, informando as
menores taxas de mercado anunciadas pelo banco central. Se a dívida
não for com um banco, mas a taxa de juros for maior que a oferecida
pelos bancos, negocie descontos com o credor, tome um empréstimo
bancário na modalidade "crédito pessoal" e quite a dívida mais cara;
5. Faça um cálculo final de quanto desembolsará para quitar o
débito e o tempo que levará. Lembre-se de que o valor da prestação
não pode comprometer seu orçamento mensal. Opte por pagar primeiro as
dividas com juros mais altos e com proximidade de pagamento.
Como descobrir se o seu CPF está com alguma pendência financeira?
O consumidor pode consultar a sua situação cadastral no banco de
dados do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) tanto
pessoalmente como pela internet:
Pessoalmente
1. Basta comparecer ao balcão de atendimento mais próximo portando
CPF original e documento com foto. Os endereços dos Postos de
Atendimento estão no site do SPC Brasil. São mais de 2.200 em todo o
país:https://www.spcbrasil.org.br/consumidor/postos-atendimento [4]
Internet
2. Quem preferir pode comprar créditos (mínimo de R$ 9,90) e pagar
por uma consulta de CPF na loja online do SPC Brasil. Cada consulta
custa a partir de R$ 5,59 e com o crédito excedente, o consumidor pode
adquirir outros serviços ofertados na
página.https://www.spcbrasil.org.br [5] (clicar em Loja Online)